Dois
Uma vida errada,
uma outra não contada.
Uma rotina incerta,
uma alma deserta.
Tantas histórias loucas,
e as verdades, poucas.
Os caminhos distantes,
e o carinho, de antes.
Ver o céu, vindo do inferno.
Ter o mel, no beijo eterno.
Ser o azul, em tons celestes.
Ou canção, quando viestes.
Diante do mundo improvável
e ante ao sim impensável,
a tarde se fez eterna.
E no laço de pernas
fez-se o que ninguém supôs.
O que a inveja se opôs.
O que o amor compôs
e o que agora chama-se, dois.
(Anderson Julio Lobone - Livro: As Coisas do Tempo)